domingo, 7 de agosto de 2011

Luta Sindical: O SIMPERE em Crise.

A diretoria do SIMPERE cassou a liberação de três diretores, mas a categoria está alheia sobre essas decisões. E-mails se movimentam para se tentar reverter a situação.
É preciso maiores esclarecimentos sobre a cassação desses companheiros. Há 25 anos nessa Rede e já vi muito desgaste, mas a situação atual se agrava pelo distanciamento de grande parte da categoria, que não compreende que o sindicato é uma organização coletiva e não uma câmara representativa. O individualismo está exarcebado, até mesmo entre aqueles que balaçam bandeiras "socialistas". O imediatismo do "tô pagando e quero ver resultados" segue pela calçada e entra na primeira loja para gastar seu cheque especial, enquanto isso, alguns interessados tomam o asfalto, com um apito sem graça, no rítmo do "Ué? Cadê o povo da assembleia?"


Com essa situação, a luta sindical fica refém de um grupo que leva o barco, resolve do seu jeito e os poucos que reclamam são conduzidos pela prancha. Cadê a democracia? Desceu pra passear e esqueceram de chamá-la para continuar a viagem. Difícil é se lembrar em que porto ela ficou, porque, depois de tantos, só agora sentiram falta dela.

Estamos vivendo uma época de redefinição dos processos de luta sindical. Ironicamente, o PT-governo contribuiu para esse desconforto, o PSTU não consegue angariar muitas simpatias, e boa parte do professorado, hoje, é liberalmente despolitizado, saudoso dos antigos políticos dominantes, ou até consegue manter uma opinião crítica independente, geralmente pessimista, sem partido definido.

As estratégias das décadas de 80 e 90 não funcionam mais; contudo, as necessidades da categoria não mudaram, pelo contrário, se agravaram. Até hoje só recebemos reajustes, e muito mal. O piso salarial é uma fábula: tem moral, mas os personagens não são reais. Não estamos satisfeitos, e é certo que nunca estaremos. A situação do SIMPERE reflete a dificuldade de se dialogar, ou seja, de respeitar a fala do outro mesmo na divergência. Quando ocorre esse tipo de exclusão só podemos pensar que há um necessidade de se resguardar, mas de quê? O objetivo de todos deveria ser um só: atender as necessidades trabalhistas da categoria como um todo. Os caminhos para se chegar a isso são muitos, mas, como vivemos num regime democrático, a decisão deve ser coletiva, ou seja, em assembleia. Se os ditos diretores foram cassados porque estavam incomodando, ou ameaçando alguma situação, é preciso que a categoria seja esclarecida sobre os fatos para poder se posicionar.

Democracia, segundo Cornelius Castoriadis, é o regime da autolimitação, da autonomia ou da autoinstituição. É preciso conter os excessos, é preciso preservar o direito de expressão.

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