segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Indulgência e Amor Fraterno


Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.

Tratai o seu próximo como gostaria de ser tratado.

- Quem é o meu próximo, Senhor?

Em nossa correria diária, por vezes, atropelamos as pessoas a nossa volta sem perceber, e mesmo, em certos momentos, de propósito. No primeiro caso, é nosso foco excessivamente centrado nos objetivos a atingir, a ponto de o “realizar com amor” ser apenas uma retórica; no segundo caso, é o efeito do nosso incomodo em conviver com pessoas que não acompanham nosso ritmo, ou não se afinam com o que consideramos importante, ou mesmo demonstram incapacidade de realizar bem o que idealizamos; assim, com a desculpa de estarmos “corrigindo” ou “ajudando”, demonstramos toda nossa rigidez na impaciência de ensinar ou de esperar por resultados favoráveis.

O tom de voz se eleva repentinamente, ou faz uma inflexão involuntária, mas reveladora: a impaciência e a cólera se instalam. Como controlar esse ímpeto irrefletido? Como não se deixar levar pela ira? Como se colocar no lugar do outro, mesmo quando a raiva é justificada, mas pode ser amenizada, ou melhor, a insatisfação pode ser expressa de outra maneira?

Agir ou não com indulgência expressa a aproximação ou distanciamento de Jesus. Estar com Jesus é realizar o amor fraterno e, nesse sentido, agir com indulgência. Não é um processo fácil e requer muita disciplina e força de vontade, ou melhor, exige boa vontade consigo mesmo e com os outros. Porque amar fraternalmente considera as diferenças, respeita as limitações do outro e busca amenizar as próprias imperfeições em prol da boa convivência.

De jeito nenhum é cair na mediocridade ou na hipocrisia no sentido de mascarar o que realmente somos, mas com a intenção plena e sincera de melhorar a maneira de ser e contribuir para o crescimento do outro. A calma e a serenidade devem ser alimentadas diariamente pela prece com/ em Jesus. É preciso acalentar o que temos de bom, de divino, o amor que queima silenciosamente em nós deve ser assumido pelo bem de todos.

Vigiai os vossos corações, sede calmos e contritos, sede indulgentes primeiramente com as vossas próprias imperfeições e perseverai na paciência diante das limitações alheias.

O desafio, comumente, está, primeiramente, ao nosso lado desde que encarnamos em uma família. Costumamos nos intimidar com quem está fora do nosso círculo familiar, e, por, justamente, ser de outra “família” em diversos aspectos diferente da nossa – pois, assim, o desejamos enxergar -, desculpamos e justificamos as imperfeições mais rapidamente. Não é à toa que, muitas vezes, os noivos são alertados de que o clássico “enfim sós: apenas você e eu” é ilusório; e depois de um breve respeito ao primeiros tempos da vida do casal as interferências começam a aparecer, ou se tornam mais evidentes, ou incômodas.

A família comporta afinidades gratuitas, espontâneas fruto de vidas passadas, e afinidades educadas, geralmente, pela boa ascendência de alguém que harmoniza e sabe conduzir; mas, felizmente, sempre há aquele alguém que parece caído de paraquedas, que desloca e desmonta a todos. Contudo, a dita ovelha negra pode ser um irmão ou irmã que ainda não alcançou os valores prezados por aquela família, ou mesmo alguém que tem muito a ensinar, mas que não alcança a compreensão dos seus. Nem sempre o problema está no outro; é preciso, primeiramente, investigar a sua própria maneira de pensar, de reagir a determinadas atitudes do seu semelhante. Uma mudança na maneira de olhar pode alterar muitas perspectivas. Ressaltar os pontos negativos de quem está em aprendizagem nem sempre é o caminho mais indicado para auxiliá-lo; lembremos que também estamos aprendendo e testando nossos avanços espirituais.

Indulgência é a capacidade de perdoar os erros alheios; é ser clemente, bondoso, misericordioso. Amar fraternalmente é reconhecermos no outro um irmão; é nutrir a amizade sincera que é forte mesmo diante dos conflitos, das indecisões, incoerências e contradições próprias do ser humano.

Pratiquemos a indulgência com amor, porque, com fraterno amor, toda transformação torna-se, humildemente, possível.
- Texto coletivo - Exercício do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, no Grupo Espírita Francisco de Assis, julho/ 2013 -

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