Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo.
Tratai o seu próximo como gostaria de ser tratado.
- Quem é o meu próximo, Senhor?
Em nossa
correria diária, por vezes, atropelamos as pessoas a nossa volta sem perceber,
e mesmo, em certos momentos, de propósito. No primeiro caso, é nosso foco
excessivamente centrado nos objetivos a atingir, a ponto de o “realizar com
amor” ser apenas uma retórica; no segundo caso, é o efeito do nosso incomodo em
conviver com pessoas que não acompanham nosso ritmo, ou não se afinam com o que
consideramos importante, ou mesmo demonstram incapacidade de realizar bem o que
idealizamos; assim, com a desculpa de estarmos “corrigindo” ou “ajudando”,
demonstramos toda nossa rigidez na impaciência de ensinar ou de esperar por
resultados favoráveis.
O tom de voz
se eleva repentinamente, ou faz uma inflexão involuntária, mas reveladora: a
impaciência e a cólera se instalam. Como controlar esse ímpeto irrefletido?
Como não se deixar levar pela ira? Como se colocar no lugar do outro, mesmo
quando a raiva é justificada, mas pode ser amenizada, ou melhor, a insatisfação
pode ser expressa de outra maneira?
Agir ou não com
indulgência expressa a aproximação ou distanciamento de Jesus. Estar com Jesus
é realizar o amor fraterno e, nesse sentido, agir com indulgência. Não é um
processo fácil e requer muita disciplina e força de vontade, ou melhor, exige
boa vontade consigo mesmo e com os outros. Porque amar fraternalmente considera
as diferenças, respeita as limitações do outro e busca amenizar as próprias
imperfeições em prol da boa convivência.
De jeito
nenhum é cair na mediocridade ou na hipocrisia no sentido de mascarar o que
realmente somos, mas com a intenção plena e sincera de melhorar a maneira de
ser e contribuir para o crescimento do outro. A calma e a serenidade devem ser
alimentadas diariamente pela prece com/ em Jesus. É preciso acalentar o que
temos de bom, de divino, o amor que queima silenciosamente em nós deve ser
assumido pelo bem de todos.
Vigiai os
vossos corações, sede calmos e contritos, sede indulgentes primeiramente com as
vossas próprias imperfeições e perseverai na paciência diante das limitações
alheias.
O desafio,
comumente, está, primeiramente, ao nosso lado desde que encarnamos em uma
família. Costumamos nos intimidar com quem está fora do nosso círculo familiar,
e, por, justamente, ser de outra “família” em diversos aspectos diferente da
nossa – pois, assim, o desejamos enxergar -, desculpamos e justificamos as
imperfeições mais rapidamente. Não é à toa que, muitas vezes, os noivos são
alertados de que o clássico “enfim sós: apenas você e eu” é ilusório; e depois
de um breve respeito ao primeiros tempos da vida do casal as interferências
começam a aparecer, ou se tornam mais evidentes, ou incômodas.
A família
comporta afinidades gratuitas, espontâneas fruto de vidas passadas, e
afinidades educadas, geralmente, pela boa ascendência de alguém que harmoniza e
sabe conduzir; mas, felizmente, sempre há aquele alguém que parece caído de
paraquedas, que desloca e desmonta a todos. Contudo, a dita ovelha negra pode
ser um irmão ou irmã que ainda não alcançou os valores prezados por aquela
família, ou mesmo alguém que tem muito a ensinar, mas que não alcança a
compreensão dos seus. Nem sempre o problema está no outro; é preciso,
primeiramente, investigar a sua própria maneira de pensar, de reagir a
determinadas atitudes do seu semelhante. Uma mudança na maneira de olhar pode
alterar muitas perspectivas. Ressaltar os pontos negativos de quem está em
aprendizagem nem sempre é o caminho mais indicado para auxiliá-lo; lembremos
que também estamos aprendendo e testando nossos avanços espirituais.
Indulgência é
a capacidade de perdoar os erros alheios; é ser clemente, bondoso,
misericordioso. Amar fraternalmente é reconhecermos no outro um irmão; é nutrir
a amizade sincera que é forte mesmo diante dos conflitos, das indecisões,
incoerências e contradições próprias do ser humano.
Pratiquemos a
indulgência com amor, porque, com fraterno amor, toda transformação torna-se,
humildemente, possível.
- Texto coletivo - Exercício do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, no Grupo Espírita Francisco de Assis, julho/ 2013 -
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